Tudo! Nada!

4.5.03


Todos os amores do ocidente:

Não vejo a hora de julho chegar.
Eu sou do hemisfério sul
E sei
Que o tempo vai escoar depressa demais até o próximo verão

Não me pergunte para onde os ventos irão soprar.
Só sei
Que irei com eles
Trilhando rumos pelo mundo, caindo das alturas em depressões profundas num mesmo instante em que flutuo, sem sentir qualquer emoção.

Não é muita ambição!
Nem pense que eu quero todos os amores do ocidente,
Apenas quero um que me oriente,
Ora, eu sou uma criatura normal!

Não, também não me sinto sem graça
Justo eu, que sempre fui dos mais calados
Agora falo pelos cotovelos, mesmo que acalentando meu silêncio;
Eu preciso muito das palavras.

Não adianta qualquer tipo de truque,
Almejo algo que realmente me satisfaça.
Me engano demais, isso é verdade
Engano o mundo inteiro, mas isso me cansa demais.

Quero um dia descer do palco
E me apresentar de verdade ao mundo, porque hoje sou como
A paisagem encoberta pela neblina, que me desorienta; tudo que há de se ver
É luz, pura luz... (talvez seja algum amor do ocidente)!

Espero que o dia se aproxime
E que o mundo gire,
Quero transcender hemisférios, pois
De todos os amores do ocidente, espero apenas um que me oriente.

Hei de andar pra frente,
Hei de conhecer muita gente e ser mais gente
Quero correr riscos e evitar o perigo
Ver minha casa desabar e não ficar sem abrigo.

Darei, então, um abraço no mundo
Mandarei lembranças
Pro seu tio querido do hemisfério norte
Morrerei um dia, e aí dirão que eu tive sorte.

O INÍCIO:

É chegado o fim da noite,
De mais uma noite,
Mas é só
Mais uma noite

É o fim da canção.
Mesmo assim, é uma bela canção.
Sei que não é a última vez
Que ouço a canção, enfim...

Sei que outras noites virão,
E nessas noites, outras canções
Eu hei de ouvir,
Com a melodia esperançosa do futuro.

E quem sabe, esses próprios versos que você lê agora, serão cantados
Para pessoas as quais eu ainda nem imagino que existam?
É bom lembrar, nunca sabemos
Sobre o amanhã!

Nada de dizer que o sonho acabou!
Isso pode até soar bem, é um clichê
Mas não faz meu estilo,
Certamente.

Há, ainda, muitos sonhos
A serem sonhados,
Há lugares inexplorados
No universo misterioso da vida de cada um de nós.

Existem pessoas que deverão
Ser personagens de nossas histórias,
Mas que só aparecem no meio
Da trama

Noites diferentes estão por vir,
Basta estar vivo pra ver,
Basta estar atento
E escutar os sinais.

Eu sei, preste atenção,
Dê ouvidos aos sons do amanhã
Siga as luzes que te guiam
Pela estrada que parece não ter fim.

Foi mais uma dança,
Mais uma garota.
O show está no final.

Numa dessas, pode morar
A surpresa.
O inesperado aparece
E aí, será o começo de tudo.

EXPLICAÇÃO:

Esse aqui eu já quis escrever
Há um tempo; eu já pensava
Sobre o que falar
Até que hoje eu resolvi me abrir,
Eu não gosto de me explicar

É que eu acho que isso dá muito trabalho,
E também não leva a nada
Cada um tem seu ponto de vista,
Por isso, querer se explicar, é uma furada

Eu sei que essa é uma frase de efeito:
“eu não gosto de me explicar”;
mas o que posso fazer?
...que os outros me entendam como quiserem.

Também aparecem, às vezes,
Algumas pessoas que insistem em me interpretar,
Eu não sou prova de português
E em mim não há respostas para se dar.

Querem crer no mistério que sou para desvendar o segredo
Querem ser espertos, mas eu vejo neles o medo.
Pra quê eu iria perder tempo,
Eu não tenho que te explicar!

Conviva comigo,
Não há perigo,
Eu sou o que pareço,
Não tenho nenhum lado
Avesso;
Às vezes me canso
E procuro a saída,
O caminho ideal,
A grande verdade é que,
Eu não gosto de me explicar!



Essa não é uma poesia atômica, não;
Mas ela atinge o núcleo.
Eles erguem uma parede entre nós dois
Mas não sabem de nada: a gente pode
Passar através delas!

Nadar debaixo d’água foi uma das experiências mais fascinantes
Da minha carreira de inútil,
Ver o sol do avesso e luz
Fazer curva é indescritível.

Só quem presta atenção
É que está sujeito a isso.
Se você é um camarada distraído, meu chapa,
Ah, então você tá deixando o mundo escapar
Entre os seus cinco dedos da mão,
Se você realmente tiver os cinco.

As estrelas, que têm cinco pontas só nos desenhos
Às vezes podem ser maiores que nosso sol.
Não sei porque, os poetas resolveram definir
As estrelas como se elas fossem
Um “souvenir” do amor, dos romances mais belos,
Como se elas fossem companheiras da lua...

Na verdade, uma estrela daquelas, ao vivo,
Pode ser um lugar insuportável,
Ou quente demais, ou frio demais,
Quem sabe?

Mas que enfeitam o céu, ah, isso eu concordo.
Só que eu acredito também que haja pessoas
Que discordem,
E isso é perfeitamente aceitável, ora.
Gosto é gosto, e não se discute.

Discutir sobre gosto é inútil,
Porque gosto não comporta discussão.
Não há regras pra se gostar,
E nem como se gostar,
Há apenas que se gostar.

Uma batedeira que bate as claras para o bolo
Nem sabe de qual sabor será aquele quitute:
chocolate, laranja, limão, ou apenas
Com gosto de bolo, mesmo.
Entretanto, ela bate o bolo,
A farinha, 200 g de manteiga, 100g açúcar, meia colher de essência de baunilha, uma lata de leite condensado...
E assim o mundo continua girando.
As coisas transcorrendo,
E o futuro chegando sem se aproximar.

Se o mundo parasse,
O tempo pararia, também?
(isso daria margem pra eu fazer outro texto!)
como seria o mundo parado? A gente ia ficar velho?
Ah... não me pergunte isso!