Todos os amores do ocidente:
Não vejo a hora de julho chegar.
Eu sou do hemisfério sul
E sei
Que o tempo vai escoar depressa demais até o próximo verão
Não me pergunte para onde os ventos irão soprar.
Só sei
Que irei com eles
Trilhando rumos pelo mundo, caindo das alturas em depressões profundas num mesmo instante em que flutuo, sem sentir qualquer emoção.
Não é muita ambição!
Nem pense que eu quero todos os amores do ocidente,
Apenas quero um que me oriente,
Ora, eu sou uma criatura normal!
Não, também não me sinto sem graça
Justo eu, que sempre fui dos mais calados
Agora falo pelos cotovelos, mesmo que acalentando meu silêncio;
Eu preciso muito das palavras.
Não adianta qualquer tipo de truque,
Almejo algo que realmente me satisfaça.
Me engano demais, isso é verdade
Engano o mundo inteiro, mas isso me cansa demais.
Quero um dia descer do palco
E me apresentar de verdade ao mundo, porque hoje sou como
A paisagem encoberta pela neblina, que me desorienta; tudo que há de se ver
É luz, pura luz... (talvez seja algum amor do ocidente)!
Espero que o dia se aproxime
E que o mundo gire,
Quero transcender hemisférios, pois
De todos os amores do ocidente, espero apenas um que me oriente.
Hei de andar pra frente,
Hei de conhecer muita gente e ser mais gente
Quero correr riscos e evitar o perigo
Ver minha casa desabar e não ficar sem abrigo.
Darei, então, um abraço no mundo
Mandarei lembranças
Pro seu tio querido do hemisfério norte
Morrerei um dia, e aí dirão que eu tive sorte.