Tudo! Nada!

9.9.02

Eu ultimamente (ou sempre?) ando nadando contra a corrente. Nado contra a corrente da vida, ou talvez seja a minha própria vida criando sua própria corrente, que parece ser oposta a muitas outras correntes, mas não a todas. Acabo de descobrir que eu descobri que nunca vou descobrir quem sou eu. Isso deve ser uma fase daquelas que vão e vêm, e que, matematicamente, acabam-se culminando num ciclo monótono e chato, e que também vai e volta... Muito chato!
Minha idéia mais nova, e o tema desse texto atemático, é a mais velha de todas as idéias: ando planejando meu futuro vivendo sozinho no mato (pelo menos o futuro do agora), numa daquelas casas de madeira, (aquelas mesmo, do tipo das que aparecem na "Sessão da Tarde"), sem contato com esse mundo o qual habito atualmente! Um lugar onde só haja o necessário para minha existência física, e nada mais! Atualmente, quero ser um ermitão. Agora, não posso prever o futuro do meu próprio futuro, pois nunca chegarei lá. Penso isso para o futuro, baseado no presente agora, propriamente dito! Pode ser que no futuro, eu mude minhas idéias para o outro futuro. E por quê penso isso? Eu mesmo posso me responder: porque cansei de querer estar onde estou, quando eu poderia estar a uns 6.758 quilômetros daqui; ser o que eu sou, enquanto eu poderia ser um hermafrodita bem dotado na Malásia, para aparecer domingo no "Fantástico"; pensar o que eu penso, já que eu poderia pensar que nem penso, ou até pensar em neo-aramaico, como o "Inri Cristo", que é a reencarnação do filho de Deus nos tempos atuais. Talvez até eu seja o próprio "Inri Cristo", e aquele cara que se mostra na tv seja um charlatão! Na verdade, quem tem os pés no chão, está fadado à insatisfação eterna (por favor, me arrumem um balão)!
Acho que tem muita gente que, como eu, se identifica nessa situação, e creio que os que fogem a essa regra, são aquelas pessoas que usam um "tapa-olho", para não ver a realidade do mundo, ou seja, são os entorpecidos naturalmente pela realidade pequena do mundo, os bitolados! Ou você vai me dizer que nunca questionou a sua própria existência, a razão pela qual você está vivo? Se você nunca se questionou a esse respeito, visite um psicanalista com urgência. Isso é intoxicação da alma, é o entorpecimento natural do tempo que vem do mundo.
Continuo refletindo sobre a questão de viver isolado do mundo: que maluquice, mas ao mesmo tempo, que coisa mais natural, não é? Claro, depende do ponto de vista! Vivemos tão juntos um do outro, que quando passeamos nos centros das nossas cidades, esbarramos em todo mundo, ou quase todo mundo. Mas, se formos mais fundo, podemos sentir, sob o sol, o gelo que custa a derreter, ou, às vezes, goza de proteção anti-térmica nas pessoas, o que faz com que sejamos, na realidade, várias ilhas, ou icebergs à deriva do tempo, perto espiritualmente, do círculo polar ártico.
Alguns chamam isso de vida. Mas eu não chamo. Defendo essa idéia, com o seguinte fundamento: se a frieza faz parte da vida, porque você, eu, ela, e aquele não conseguimos viver no congelador? Simples, porque lá é frio demais. Lá não dá para você morar nem sozinho, e não há calor que agüente aquela vida mórbida, mas tão alva.
Enfim, a vida em sociedade é a desculpa para a solidão, e a solidão é o álibi para se viver em sociedade. A insatisfação é o combustível das mudanças de atitude, e é a desbravadora dos caminhos inexplorados. O ideal é viver só, depois o ideal é viver em grupo. Logo após, o ideal é viver só, e depois, deve-se viver em grupo. Em suma, viva só, mas viva em grupo. Viva no mundo! Não pense, pois quem pensa não vive. Ou pense, ou viva. Ando pensando demais... Ah, faça o que você quiser, a vida é sua! Cada um, cada um!