COTAS:
Assisti a uma reportagem na televisão que tratava de um tema um tanto quanto polêmico, que tem sido alvo de discussões intensas nos últimos anos no Brasil. A matéria tratava da questão de se criar cotas nas faculdades, para assegurar o ingresso de estudantes que se declarassem negros, pardos, etc. e também aqueles provenientes de escolas públicas, dando a eles chances compatíveis com as oportunidades que a vida os proporcionou, visto que são encarados como classes desfavorecidas em nossa sociedade. Houve algumas entrevistas. Não é surpresa que alguns entrevistados tenham se mostrado revoltados com tal iniciativa, não entendendo que o que se está fazendo nesses casos se chama “justiça”, que é nada mais nada menos do que “tratar com desigualdade aqueles que são desiguais”.
O assunto muito me interessou, visto que tal iniciativa é fato, e está posta em prática numa faculdade do Rio de Janeiro. Esse acontecimento é, de forma inegável, reflexo de um desequilíbrio social em nosso país. É notadamente visível que as classes de pessoas que estudaram em escolas públicas e os negros são, infelizmente, desfavorecidos econômica e socialmente no Brasil. O preconceito aqui não existe como em alguns outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, onde a discriminação é explícita e se discute o assunto abertamente. Entretanto, basta dar um passeio pelas cidades brasileiras, e ver que os negros, entre outras classes, (que têm a maioria de sua população composta de indivíduos pobres), são as pessoas que ocupam os empregos de menor remuneração, ou aqueles que requerem maior esforço físico, menor exigência de qualificação técnica e acadêmica, etc. Não é difícil perceber que esta condição foi imposta a essas classes de pessoas, que estão “amarradas” a um ciclo que pouco lhes dá oportunidades de mudar. O racismo, no Brasil, está encrustado nos hábitos das pessoas, “escrito na testa” das autoridades, e é praticado em toda “esquina”. Isso é grave! Os negros e outras classes que sofrem discriminações têm menores oportunidades, portanto dificilmente podem ter acesso a boas escolas básicas (que na maioria das vezes são particulares), e isso lhes faz “ver por terra” as oportunidades de ingressar numa faculdade, com o intuito de galgar uma trajetória ascendente e bem sucedida na vida. Como num filme que se repete, os filhos dessas pessoas, por sua vez, nascem, crescem, e acabam passando pelos mesmos problemas. Isso ocorre há tempos por aqui!
Agora pense: essa situação social não é fruto do racismo? Pois eu digo que é. E é um racismo cruel, que não têm sido expressado em palavras, mas o que é pior, em atitudes, através da imposicão de barreiras sociais. A criação de cotas, então, é uma solução imediatista, mas extremamente necessária à conjuntura atual da sociedade brasileira. Na reportagem na televisão, e também em conversas nas ruas, já ouvi várias pessoas dizendo: “mas essa idéia de criar cotas para os menos favorecidos já demonstra um preconceito com essas pessoas”. Não é verdade que essa ação demonstra “preconceito”; mas ela “reconhece” que o preconceito existe! E ele existe, mesmo! Eu mencionei que essa ação é imediatista, porque, naturalmente essas cotas tendem a sumir, com o passar do tempo. Pense bem: se as pessoas que antes não tinham acesso às faculdades puderem exercer realmente seus direitos à educação, em breve se tornarão profissionais bem sucedidos, com melhores condições sócio-econômicas. Daí, surgirão descendentes dessas pessoas; estes últimos, por sua vez, terão condições melhores que as de seus antecessores, e conquistarão seu espaço com maior facilidade e apoio da sociedade, num futuro não muito longínqüo. A partir desse pensamento, vê-se que a tendência, com essa “polêmica” medida das cotas, é criar uma sociedade igualitária, sem disputas tolas fundamentadas em questões imbecis, uma sociedade que proporcione a seus componentes, dignidade em ser cidadãos, além de chances iguais ao se começar a busca da conquista de qualquer carreira profissional.
Também tive a oportunidade de discutir com várias pessoas, entre elas a Cecília, o André, o Léo e o meu pai também, que têm opiniões divergentes. Uns, mesmo ao se deparar com o fato do preconceito, dizem que os que não se declaram negros e os alunos que vieram das escolas particulares estão sendo prejudicados nesses acontecimentos; outros, pensam o contrário. Matematicamente, é claro que essas pessoas têm suas vagas diminuídas, e isso torna seu ingresso nas faculdades cada vez mais difícil. Mas essa dificuldade não é nada, se comparada à condenação brutal imposta àqueles menos afortunados, excluídos não por regulamento algum, mas sim pela cor de sua pele, ou pela procedência da escola à qual pertenceram no passado. Ainda assim, o atraso social oriundo desse preconceito praticado em nossa sociedade levará anos para ser um problema resolvido, pois estamos engatinhando na evolução rumo à solução do problema, caso tudo dê certo.
Concluindo, penso que concordar com a implantação desse método é ter consciência de que os preconceitos existem, mas ao mesmo tempo, devem ser combatidos. A utilização dessas cotas pelos candidatos não é obrigatória, portanto não configura nenhuma imposição de aceitação oficializada de “preconceito”, além de continuar respeitando os outros candidatos. Entendo que estão começando a “tirar o atraso social” que se arrastou sem fôlego, perdurando até os dias atuais... e que não agüenta mais esperar por “novos ares”!
Esta obra também está disponível em vinil, k-7 e dvd. Som Livre! Ahahahaha!
Assisti a uma reportagem na televisão que tratava de um tema um tanto quanto polêmico, que tem sido alvo de discussões intensas nos últimos anos no Brasil. A matéria tratava da questão de se criar cotas nas faculdades, para assegurar o ingresso de estudantes que se declarassem negros, pardos, etc. e também aqueles provenientes de escolas públicas, dando a eles chances compatíveis com as oportunidades que a vida os proporcionou, visto que são encarados como classes desfavorecidas em nossa sociedade. Houve algumas entrevistas. Não é surpresa que alguns entrevistados tenham se mostrado revoltados com tal iniciativa, não entendendo que o que se está fazendo nesses casos se chama “justiça”, que é nada mais nada menos do que “tratar com desigualdade aqueles que são desiguais”.
O assunto muito me interessou, visto que tal iniciativa é fato, e está posta em prática numa faculdade do Rio de Janeiro. Esse acontecimento é, de forma inegável, reflexo de um desequilíbrio social em nosso país. É notadamente visível que as classes de pessoas que estudaram em escolas públicas e os negros são, infelizmente, desfavorecidos econômica e socialmente no Brasil. O preconceito aqui não existe como em alguns outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, onde a discriminação é explícita e se discute o assunto abertamente. Entretanto, basta dar um passeio pelas cidades brasileiras, e ver que os negros, entre outras classes, (que têm a maioria de sua população composta de indivíduos pobres), são as pessoas que ocupam os empregos de menor remuneração, ou aqueles que requerem maior esforço físico, menor exigência de qualificação técnica e acadêmica, etc. Não é difícil perceber que esta condição foi imposta a essas classes de pessoas, que estão “amarradas” a um ciclo que pouco lhes dá oportunidades de mudar. O racismo, no Brasil, está encrustado nos hábitos das pessoas, “escrito na testa” das autoridades, e é praticado em toda “esquina”. Isso é grave! Os negros e outras classes que sofrem discriminações têm menores oportunidades, portanto dificilmente podem ter acesso a boas escolas básicas (que na maioria das vezes são particulares), e isso lhes faz “ver por terra” as oportunidades de ingressar numa faculdade, com o intuito de galgar uma trajetória ascendente e bem sucedida na vida. Como num filme que se repete, os filhos dessas pessoas, por sua vez, nascem, crescem, e acabam passando pelos mesmos problemas. Isso ocorre há tempos por aqui!
Agora pense: essa situação social não é fruto do racismo? Pois eu digo que é. E é um racismo cruel, que não têm sido expressado em palavras, mas o que é pior, em atitudes, através da imposicão de barreiras sociais. A criação de cotas, então, é uma solução imediatista, mas extremamente necessária à conjuntura atual da sociedade brasileira. Na reportagem na televisão, e também em conversas nas ruas, já ouvi várias pessoas dizendo: “mas essa idéia de criar cotas para os menos favorecidos já demonstra um preconceito com essas pessoas”. Não é verdade que essa ação demonstra “preconceito”; mas ela “reconhece” que o preconceito existe! E ele existe, mesmo! Eu mencionei que essa ação é imediatista, porque, naturalmente essas cotas tendem a sumir, com o passar do tempo. Pense bem: se as pessoas que antes não tinham acesso às faculdades puderem exercer realmente seus direitos à educação, em breve se tornarão profissionais bem sucedidos, com melhores condições sócio-econômicas. Daí, surgirão descendentes dessas pessoas; estes últimos, por sua vez, terão condições melhores que as de seus antecessores, e conquistarão seu espaço com maior facilidade e apoio da sociedade, num futuro não muito longínqüo. A partir desse pensamento, vê-se que a tendência, com essa “polêmica” medida das cotas, é criar uma sociedade igualitária, sem disputas tolas fundamentadas em questões imbecis, uma sociedade que proporcione a seus componentes, dignidade em ser cidadãos, além de chances iguais ao se começar a busca da conquista de qualquer carreira profissional.
Também tive a oportunidade de discutir com várias pessoas, entre elas a Cecília, o André, o Léo e o meu pai também, que têm opiniões divergentes. Uns, mesmo ao se deparar com o fato do preconceito, dizem que os que não se declaram negros e os alunos que vieram das escolas particulares estão sendo prejudicados nesses acontecimentos; outros, pensam o contrário. Matematicamente, é claro que essas pessoas têm suas vagas diminuídas, e isso torna seu ingresso nas faculdades cada vez mais difícil. Mas essa dificuldade não é nada, se comparada à condenação brutal imposta àqueles menos afortunados, excluídos não por regulamento algum, mas sim pela cor de sua pele, ou pela procedência da escola à qual pertenceram no passado. Ainda assim, o atraso social oriundo desse preconceito praticado em nossa sociedade levará anos para ser um problema resolvido, pois estamos engatinhando na evolução rumo à solução do problema, caso tudo dê certo.
Concluindo, penso que concordar com a implantação desse método é ter consciência de que os preconceitos existem, mas ao mesmo tempo, devem ser combatidos. A utilização dessas cotas pelos candidatos não é obrigatória, portanto não configura nenhuma imposição de aceitação oficializada de “preconceito”, além de continuar respeitando os outros candidatos. Entendo que estão começando a “tirar o atraso social” que se arrastou sem fôlego, perdurando até os dias atuais... e que não agüenta mais esperar por “novos ares”!
Esta obra também está disponível em vinil, k-7 e dvd. Som Livre! Ahahahaha!