Tudo! Nada!

1.10.01

Os motéis, no Brasil, são o retrato da cultura desse país. A cultura do sexo banal, da desvalorização do corpo, a cultura do que não é cultural. A instituição “motel”, aqui no mundo tupiniquim, é a expressão maior da homenagem ao absurdo, pois é um local cujo uso é deturpado pelos que ali se alojam, e isso transcende a barreira temporal, indubitavelmente.
Sei que todo mundo vai lá, mas eu não tenho nada com isso. O que é relevante, em se tratando deste assunto, é que aquele ambiente é uma privada das relações carnais entre os seres humanos. Não quero ser confundido com algum puritano, ou congênere, entretanto, permito-me à divagação sobre essa questão. Uma privada sim, cujo lixo é a própria pessoa que está ali, por sexo carnal, e nada além disso.
Mentes pequenas vêem ali, uma situação meramente corriqueira e natural, mas alguém com uma diferente visão de mundo (mais ampla), certamente irá entender o que eu quero dizer: sexo deve ser realizado com “adornos e apetrechos” sentimentais, físicos e assim por diante. Os motéis ditam uma regra que se choca com esses conceitos, na nossa cultura. Mas há os seres que se enquadram na situação a qual é proposta pelos motéis, quais sejam: sexo pago, sexo por esporte, vida vazia e prazer instantâneo sem nenhum efeito posterior. Em vários outros países, os motéis são como hotéis, ou seja, são destinados à hospedagem das pessoas, porém com intuito de abrigar os viajantes.
É a cultura da bunda, do nu natural, da dança da bundinha, do car... ah! É o que há de mais abominável imperando por falta de conhecimento e valores das pessoas. Enfim, uma cultura maluca, que promove essas coisas. Não sei se devemos chamar isso tudo de cultura, ou apenas, de falta dela.
Por outro lado, é interessantíssimo podermos escolher dentre todas as coisas, tendo no cardápio do péssimo ao extravagante. O ideal, porém, é ter a possibilidade e a de selecionar-se o que é melhor, com a sensibilidade lapidada para tal.
A formação excepcional é aquela que nos ensina a conviver com extremos, seja em qualquer ocasião, porém nos direciona à escolha mais sensata. Com essa arma nas mãos, pode-se enfrentar qualquer questão que ponha em jogo nossos gostos, tendências, valores e, portanto, concepções vitais.
É, ou não é?