Tudo! Nada!

31.12.01

Eu não sou
Tão barato quanto um tanque cheio do seu carro
Eu não rio da desgraça alheia
Eu sou como o vento que não veio
O meu mar não é composto de água salgada

O lar que eu pretendo ter
Fica no meio do mato.
Mato sim, a vontade de estar livre
Há boa vontade das árvores em me ajudar
E isto é recíproco!

Eu sou tão comum
Quanto a mais pedida das FMs
Eu sou o contrabando de cigarro,
O espirro do motorista,
E o perfume da dona de casa.

Eu me vejo na prostituta amável
Que roda pelos bares
Com a cara da derrota.
Eu vejo o amor nos arredores
Palpáveis de quem não tem casa
E nem sente mais dor

Eu não sou raro como o ato do terrorista
Eu me identifico com uma singela conquista
Que se mostra na manhã do dia
Seguinte

Eu detesto ser esse “eu”
Eu prefiro ser “nós”
Eu, você, eles.
Eles, você e eu.
Eles, você, eu
Você, eles, eu.

O mundo somos nós.
O mundo não somos eu e o resto.
Eu não tenho pressa de acabar.
Eu gosto de dormir,
Eu gosto de falar.
Por isso escrevo.
Porque eu tenho um desejo.
O meu desejo é segredo.


E eu não sei se um dia
Esse segredo irá acabar.
Porque eu não sei o segredo
Também.

Eu persigo a curva
Ela não se mostra.
Eu tô com o pé na tábua.
Eu piso no freio.
Eu não páro.

Eu vejo o ar.
Eu respiro o azul
Eu enxergo o calor.
Eu imagino o gosto do seu cabelo, menina.
Eu como o fogo.
Eu bebo fogo.
Eu como água.
Eu, como sou doido, como tudo.
Como, bebo, mastigo.
Como quem não quer nada.
Duvido!

Eu relembro a cara do seu passado.
Cara que passou.
Foi uma vida cara.
Foi uma vida, cara!
Cara. Que nada, foi até barata.
Barata, cara, cuidado.
Baratas são voadoras.
Cuidado com as baratas.
Elas são muito caras!
As caras estão aí.
As que estão aí são caras.

Digo até o que não quero dizer.
Digo que não queria ser você.
Cada um sabe que bom,
É ser quem você pode ser.
Pode ser?

Assim sou.
Ou...
Sou!
Mas eu sou.
Serei. Já fui.
Estou sendo. Sou! (Fui. Já volto! Bye).