Tudo! Nada!

23.1.03

Os pijamas:

Ontem eu percebi que já era tempo de eu escrever um texto. Ora, já faz um bom tempo que essa preguiça mora em mim; mas não posso deixá-la impedir-me de produzir algo que me seja prazeroso.
A idéia apareceu e aqui estou eu, sempre introduzindo minhas redações da mesma maneira, quase que como uma “assinatura” de meus escritos. Mas... vamos ao assunto: você já pensou por quê os pijamas têm bolso? É isso que me incomoda agora! Eu não sei, confesso, porque há bolsos em nossas “vestes de dormir”. Já pensei em tudo quanto é hipotése, mas nada de concreto ocorreu. Quando eu era criança, até que o bolso do pijama tinha utilidade, eu guardava o “bico” (ou chupeta), ali. Hoje em dia, porém, não me utilizo desses apetrechos, e nem gosto de pijamas que tenham bolsos.
Talvez os bolsos nos pijamas tenham uma função social, como, por exemplo, demonstrar que o camarada dorme “arrumadinho”, ou “engomadinho”, caso algum vizinho estranho o acorde no meio da madrugada, pedindo ajuda para consertar um cano furado, do qual jorra água ininterruptamente. Pensei na suposição que um ninfomaníaco armaria para justificar a razão da presença de bolsos em pijamas, mas ela não me convenceu: um ninfomaníaco iria dizer que o bolso serve para alimentar as fantasias sexuais durante a madrugada, mas isso seria de uma caretice imensa! Brincadeiras à parte, ocorreu-me um pensamento “floydiano” em relação aos bolsos dos pijamas. Isso mesmo, “floydiano”, e não “freudiano”! “Floydiano”, porque nesse momento eu escuto a linda canção “Wish you were here”, do Pink Floyd, e percebi que ela tem tudo a ver com o que eu quero dizer a respeito das tais vestimentas, tema deste texto. Trocando em miúdos, quero explicar que não há razão pela qual os pijamas têm bolso. Isso eu percebi e confirmei, quando o cara diz “do you think you can tell... heaven from hell?” (um troço do tipo “você acha que pode distingüir o inferno do céu?). E é aí que percebo que as diferenças são sobressaltos da igualdade. Imagine se nenhum pijama no mundo tivesse bolso! Talvez eu não escrevesse um texto idiota como esse, e te pouparia ao trabalho de lê-lo, pois não iria sequer questionar “por quê os pijamas não têm bolso”... Até inventarem um pijama com bolso! A solução é não dar importância aos pijamas com bolso, assim como você não liga para um fio de alta tensão que está nos postes, enquanto ele não te eletrocutar!

MCDONALD’S:


Nesses dias em que não se está fazendo nada, é que temos mais possibilidades de fazer coisas, das mais diversas naturezas. Quando se está de férias, pode-se virar um parasita “inveterado”, ou então realizar atividades diferentes daquelas as quais se está acostumado nos dias de rotina.
Foi num dia desses, bem comuns, sem “nada p’ra fazer”, que eu fui ao McDonald’s, e fiquei refletindo sobre aquilo tudo lá. Uma lanchonete com abrangência mundial, onde quase tudo é igual em qualquer canto do planeta. É praticamente um exército com diversas bases espalhadas pela Terra, sendo que as diferenças são as mínimas, unicamente para que haja adaptação local.
E então veio à minha mente: para quê isso tudo? É só para que as pessoas possam comer aqui? O Giovanni vive “metendo o pau” no McDonald’s e sua respectiva filosofia, vive desprezando aqueles produtos e aquela conduta nada ortodoxa... Creio eu, que o objetivo do McDonald’s seja apenas dinheiro, o tão polêmico “senhor das trevas” que manda no mundo capitalista. Para obter dinheiro, a lanchonete se utiliza de estratégia quase militar para atrair clientes, e mantê-los vinculados àquele tipo de consumo. Daí surgem as idéias que fazem da rede de lanchonetes uma máquina de lavar o cérebro das pessoas. Para notar isso, basta observar algumas peculiaridades, como aquelas cores (amarelo e vermelho predominam), também as “promoções” numeradas, nas quais você leva até o que não quer, (em nome da praticidade da coisa), as “frases programadas” de seus funcionários robotizados, e, enfim, coisas que eu talvez nem perceba, por agirem de forma imperceptível à minha consciência. Já me disseram que o vermelho e o amarelo estimulam a fome, isso é um fato curioso. Os números das promoções são evidentemente algo prático para a lanchonete: o cliente não fala muito, não “enche o saco” e paga rápido. Afinal, é essa a parte preferida do McDonald’s, que raramente aceitaria dar descontos para facilitar trocos, etc.
O grande problema que observo, é que as pessoas se acostumam ao McDonald’s, e também comércios de filosofias congêneres à daquele, e vão se tornando a “massa de manobra” que já é maioria na sociedade contemporânea. Isso quer dizer que interessa aos outros que não tenhamos opinião própria; não importa o fato de sermos indivíduos ou não. O que vale aqui é que todo mundo pense e aja da mesma maneira, para facilitar a vida de alguns espertos, que percebem que o caminho não é bem esse... Portanto, vale a pena pensar se isso tudo é normal, ou é você quem está ficando louco.
Pense no quão ridículo é aquele “caixa” do McDonald’s te dizendo: “muito obrigado, volte sempre, tenha um bom lanche”! Por quê é que toda vez que você vai lanchar por lá, aquele cara diz sempre a mesma coisa? Será que ele já não pensa também? Isso é bizarro, grotesco!
Num dos textos do Giovanni, ele diz que queria escolher os ingredientes do sanduíche, de acordo com o humor dele naquele dia. Mas não, no McDonald’s é sempre “cebola, picles, não sei o que lá, num pão com gergelim”. Quando muito, podemos pedir para que se retire um dos ingredientes, o que interrompe a maratona da rapidez na fabricação dos alimentos, causando imenso transtorno na cozinha, e uma demora “profana” para a lanchonete. Eu concordo com ele. Porque as vezes, me dá vontade de comer um McChiken com o molho do McSupreme, e vice-versa. Mas lá, isso seria muita ousadia. Eu também gostaria da batata mais torrada, e menos salgadas, dependendo da fase da lua, mas isso seria uma afronta aos padrões de qualidade estabelecidos mundialmente!
Entretanto, pensei no outro lado, enquanto eu acabava de comer minha “promoção número três”, naquele dia. Todos os McChikens são iguais, sim. São iguais dentro de uma certa concepção. Mas no fundo, cada McChiken é tão singular, tão diferente do outro, que nunca se fará dois sanduíches iguais. Pense: a posição dos grãos de gergelim por cima do pão não é milimetricamente ajustada em todos os sanduíches; os fios do frango empanado que compõem a carne não são iguais, e talvez nem tenham pertencido ao mesmo frango; o molho do sanduíche espirrou para baixo, enquanto o da outra vez, veio para cima; a alface estava mais madura dessa vez. Viu? Os padrões só existem quando a gente passa a aceitá-los.
A morte da nossa individualidade só passa a existir quando passamos a engolir sem mastigar. Temos que “digerir”, “mastigar” as informações que nos são apresentadas pelo mundo. Não importa se o fulano, o beltrano, etc., acham que é certo. Nós somos indivíduos pensantes. Por quê iríamos querer que um outro alguém pensasse para nós? Podemos, nós mesmos, pensar muito bem com nossos cérebros. Não precisamos de lavagens, nem precisamos usar cabeças emprestadas. Muito menos cabeças bitoladas.
Coma cada McChiken, como um McChiken diferente do que você comeu antes!