Tudo! Nada!

20.12.02

CRIANÇA:

Às vezes eu queria ser criança para sempre,
Isso me parece que seria bom.
Mas eu tenho uma dúvida um tanto quanto infantil:
Será que eu me tornaria uma criança velha ao longo da vida?

Isso é uma pergunta difícil de responder,
Já que não sou mais criança para saber.
Mas há quem diga que bom mesmo
É voltar a ser criança.

Sou até bem novo,
Mas acho que já sou velho
Para ser criança,
Nem sei se dá mais tempo.

Só que para voltar a ser criança,
A gente tem que ter deixado de ser criança
Algum dia.
E isso já me aconteceu há algum tempo.

Quem sabe, ficar velho
É o desafio de tentar voltar
A ser criança.
A gente nunca sabe de nada, somos bem ingênuos.

Ao longo do tempo,
Talvez queiramos mesmo é voltar no tempo
E ser o que já fomos
Num outro dia...
(mas não temos certeza disso!)

Já experimentamos tanta coisa,
E tanta coisa acabou sendo em vão,
Tanta coisa que valeu apenas para descobrir
Que o ideal de ser, nós já fomos antes.

O ideal é voltar a ser o que já fomos,
O que antes parecia ser tão simples.
E o que se tornou meio complexo
Por termos ido tão longe.

Porém nada é inútil.
As passagens da vida,
As idas e vindas.
As voltas e voltas em torno do próprio eixo...

Tudo se vai,
Mas tudo volta um dia.
Não! Não precisa nem de correr
Atrás.

Vejam as ondas:
elas se vão, mas vêm
Com a mesma força
De ontem.

Não creio nesse negócio
De “viver cada dia como se fosse o último”.
Porque viver o último deve ser apenas
Esperar o fim chegar.

Bacana é viver cada dia como se fosse o primeiro.
Tudo é novidade, quando se é criança.
Nesse dia novo, todo tempo é curto,
Não basta apenas um dia inteiro.

Por isso, todo dia deve ser vivido como o primeiro.
Em toda a vida devemos querer continuar sendo crianças.
Se estamos velhos, é porque
Já é hora de nascer de novo, ser uma criança.

Os sinais de trânsito:

Transitar nas ruas na era contemporânea parece algo tão simples, que soa como se fosse algo instintivo. Mas na verdade, não é por instinto que paramos ante a um sinal vermelho, ou ficamos alerta face a uma luz amarela. Não é por antipatia à faixa de pedestres o fato de “pisarmos” nela, para atravessar a rua.
Esses sinais de trânsito, sejam para pedestres, ou veículos automotores ou não, foram convenções aceitas pelas sociedades, e estão presentes no mundo todo, com algumas variações. Algum cidadão genial viu que, para que pudéssemos nos locomover, teríamos de ordenar, estabelecer regras, pois, caso contrário, ocorreria o caos, o que culminaria no fato de não conseguirmos progredir em nossas vidas. Imagine-se um indivíduo que quer ir trabalhar, mas não sabe se a avenida que ele passa todos os dias vai ser “mão” ou “contramão” amanhã!
Por isso, os sinais nas ruas, são estímulos psicológicos, com o intuito de guiar nossas ações, e por muitas vezes, também inibir algumas intenções que possam gerar desavenças. Decidiu-se que a luz vermelha do sinal, obrigaria os carros, (ou no caso do sinal de pedestres), pararem. O amarelo se traduz em “atenção”; enquanto o verde diz: “siga em frente”. Outra convenção curiosa é o fato de que o lado direito serve para ir em frente, enquanto no esquerdo, só “transita quem volta”. Essa é um definição bem egoística (essa palavra existe?), pois parte do referencial “eu”! Se foi dito que o lado esquerdo “é o lado de voltar”, é porque EU estou indo do lado direito. Mas isso tudo é relativo: um japonês, um inglês, uma tailandesa, uma australiana, coreana, etc., estão sempre “indo pelo lado esquerdo”; os “outros” é que voltam do lado direito. Além disso, para estes últimos, os volantes dos carros estão do lado errado... Sinceramente, não sei de onde estas variações surgiram.
Além dessas curiosidades, o que é curioso mencionar, é que os sinais de trânsito podem se manifestar de maneiras diferentes. É bem verdade que a maioria deles é expressa visualmente, basta dar uma olhada à sua volta! Mas... e o apito do guarda, lembrou dele? Talvez você nem se lembre de quando leu aquele livrinho chato da auto-escola, mas ali está explicado que se o guarda der dois silvos (aquela “apitadinha” chata) longos, significa um sinal; se ele combinar silvos curtos com longos, outro tipo de ação, e assim sucessivamente, (não necessariamente nessa mesma ordem, ou não)! São tantos apitos que eu já nem lembro mais. Há os sinais visuais horizontais, que são aqueles pintados no chão, e também os verticais, que são placas indicativas, dispostas em postes fincados no chão. Não se pode esquecer dos quebra-molas, que são, além de visuais, objetos que afetam nosso sentido de equilíbrio, e também podem afetar nosso tato, se batermos a cabeça no teto do carro e sentirmos dor, ao passar de forma incauta por eles. Nos dias modernos, existem também câmeras que atuam na organização do trânsito, e algumas que também fiscalizam e detectam infrações dos cidadãos, na condução de seus veículos. Sem falar no “PARE”, que é tão antipático como uma autoridade no dia seguinte a uma noite mal dormida! (Ahahahah). Simplesmente “PARE” pintado no chão, em letras garrafais, acompanhadas por um octógono vermelho em pé, bem afixado no cruzamento. (Pare com isso)!
Se formos para o Amapá, partindo do sul do país, uma faixa nos acompanhará certamente ao nosso longínquo destino. Por vezes ela será amarela, por outras, branca. Durante o trajeto essa faixa se duplicará, fará curvas, dançará um balé perfeito, seguirá sozinha por uma parte; também será contínua em outras etapas, e, quando perder a sua força, será segmentada. Mas isso tudo foi previsto pelo homem. Esse exemplo da faixa nos ajuda a ter personificada a sinalização do trânsito. Essa faixa supracitada (ahahahah), é uma “parede” psicológica que acompanha o motorista. Essa parede às vezes abre espaço para mudarmos de lado na pista, e às vezes é tão dura quanto um muro de concreto. Em certas ocasiões ela é dupla, sendo tão rígida quanto um general em tempos de ditadura militar. Em outros tempos, ela é segmentada para todos os lados, sendo então, generosa quanto um cristão em dia de voluntariado.
Nada disso seria viável se o homem não se conformasse, ou até se sentisse seguro o bastante, para obedecer às ordenações do sistema de trânsito das cidades. Esse grau de obediência é variável, segundo a orientação cultural de cada povo. Basta olhar na televisão, quando vemos o trânsito na Índia. Há galinhas fechando o sinal, e vacas que “trancam” avenidas, pois estas últimas dali não podem ser removidas, por se tratar de animal sagrado para aquele povo. No Brasil, uma vaca dessas viraria churrasquinho na esquina mais próxima. Na Europa ocidental, (é o que sempre se vê e ouve falar nos meios de comunicação), parece que é até vaidade de um indivíduo respeitar a sinalização, dar a preferência, etc., exercendo em toda a sua potencialidade a figura de cidadão-modelo da humanidade burguesa (eu pus burguesa, no sentido de urbana, mesmo). No Brasil, e por informações que tive, também no resto da América Latina, o trânsito é pura emoção. Buzinas, xingamentos, lixo atirado pelas janelas, cantadas (de pneu e de amor), paqueradas, etc. Enfim, o trânsito é sempre uma extensão da metodologia (ou falta dela) com a qual levamos nossas vidas.
Entretanto, no trânsito, tudo acontece mais rápido do que “na vida diária”. É mais fácil ver que seu vizinho cometeu um erro perante todo mundo. É chocante ver aquele “doutor” respeitável xingar a velhinha que não tem forças para atravessar a rua. A realidade se mostra nas ruas, de maneira “nua e crua”. Aquele “cara” aparentemente recatado, já buzina que nem um louco na esquina, e canta pneu do seu carro sport para chamar a atenção das “gatinhas” da redondeza. Aquela mulher que é uma “faladeira” inveterada, dirige calmamente o seu carrinho pela avenida principal... Isso tudo nos surpreende, mas acontece nas ruas!
Para mim, o trânsito é o melhor “termômetro” social de um povo. É lá que vemos como as pessoas são, não importa se pedestres ou condutores. Também vemos o que as pessoas pensam de si, dependendo do carro que usam, da maneira que conduzem suas bicicletas, motocicletas, ou trafegam a pé, e como se portam perante outras pessoas. Por exemplo, pode-se dizer, que tem gente que usa o carro como se fosse título de poder. Quanto maior o carro, mais direito ele dá a realizar “proezas” nada ortodoxas. É difícil ver que aquilo é só um monte de lata, devido à “mística” envolvida na aquisição de uma porcaria daquelas! Há outros que acreditam que as bicicletas não precisam respeitar os sinais, e agem de acordo com seu bel-prazer. Na vida, vivemos de trânsito, estamos sempre transitando para lá e para cá. Há sempre idéias em trânsito em nossa mente. Além disso, temos que respeitar os sinais de trânsito, esses pintados por aí, nas ruas, no chão, mesmo. Nunca se esqueçam!

Os sinais de trânsito:

Transitar nas ruas na era contemporânea parece algo tão simples, que soa como se fosse algo instintivo. Mas na verdade, não é por instinto que paramos ante a um sinal vermelho, ou ficamos alerta face a uma luz amarela. Não é por antipatia à faixa de pedestres o fato de “pisarmos” nela, para atravessar a rua.
Esses sinais de trânsito, sejam para pedestres, ou veículos automotores ou não, foram convenções aceitas pelas sociedades, e estão presentes no mundo todo, com algumas variações. Algum cidadão genial viu que, para que pudéssemos nos locomover, teríamos de ordenar, estabelecer regras, pois, caso contrário, ocorreria o caos, o que culminaria no fato de não conseguirmos progredir em nossas vidas. Imagine-se um indivíduo que quer ir trabalhar, mas não sabe se a avenida que ele passa todos os dias vai ser “mão” ou “contramão” amanhã!
Por isso, os sinais nas ruas, são estímulos psicológicos, com o intuito de guiar nossas ações, e por muitas vezes, também inibir algumas intenções que possam gerar desavenças. Decidiu-se que a luz vermelha do sinal, obrigaria os carros, (ou no caso do sinal de pedestres), pararem. O amarelo se traduz em “atenção”; enquanto o verde diz: “siga em frente”. Outra convenção curiosa é o fato de que o lado direito serve para ir em frente, enquanto no esquerdo, só “transita quem volta”. Essa é um definição bem egoística (essa palavra existe?), pois parte do referencial “eu”! Se foi dito que o lado esquerdo “é o lado de voltar”, é porque EU estou indo do lado direito. Mas isso tudo é relativo: um japonês, um inglês, uma tailandesa, uma australiana, coreana, etc., estão sempre “indo pelo lado esquerdo”; os “outros” é que voltam do lado direito. Além disso, para estes últimos, os volantes dos carros estão do lado errado... Sinceramente, não sei de onde estas variações surgiram.
Além dessas curiosidades, o que é curioso mencionar, é que os sinais de trânsito podem se manifestar de maneiras diferentes. É bem verdade que a maioria deles é expressa visualmente, basta dar uma olhada à sua volta! Mas... e o apito do guarda, lembrou dele? Talvez você nem se lembre de quando leu aquele livrinho chato da auto-escola, mas ali está explicado que se o guarda der dois silvos (aquela “apitadinha” chata) longos, significa um sinal; se ele combinar silvos curtos com longos, outro tipo de ação, e assim sucessivamente, (não necessariamente nessa mesma ordem, ou não)! São tantos apitos que eu já nem lembro mais. Há os sinais visuais horizontais, que são aqueles pintados no chão, e também os verticais, que são placas indicativas, dispostas em postes fincados no chão. Não se pode esquecer dos quebra-molas, que são, além de visuais, objetos que afetam nosso sentido de equilíbrio, e também podem afetar nosso tato, se batermos a cabeça no teto do carro e sentirmos dor, ao passar de forma incauta por eles. Nos dias modernos, existem também câmeras que atuam na organização do trânsito, e algumas que também fiscalizam e detectam infrações dos cidadãos, na condução de seus veículos. Sem falar no “PARE”, que é tão antipático como uma autoridade no dia seguinte a uma noite mal dormida! (Ahahahah). Simplesmente “PARE” pintado no chão, em letras garrafais, acompanhadas por um octógono vermelho em pé, bem afixado no cruzamento. (Pare com isso)!
Se formos para o Amapá, partindo do sul do país, uma faixa nos acompanhará certamente ao nosso longínquo destino. Por vezes ela será amarela, por outras, branca. Durante o trajeto essa faixa se duplicará, fará curvas, dançará um balé perfeito, seguirá sozinha por uma parte; também será contínua em outras etapas, e, quando perder a sua força, será segmentada. Mas isso tudo foi previsto pelo homem. Esse exemplo da faixa nos ajuda a ter personificada a sinalização do trânsito. Essa faixa supracitada (ahahahah), é uma “parede” psicológica que acompanha o motorista. Essa parede às vezes abre espaço para mudarmos de lado na pista, e às vezes é tão dura quanto um muro de concreto. Em certas ocasiões ela é dupla, sendo tão rígida quanto um general em tempos de ditadura militar. Em outros tempos, ela é segmentada para todos os lados, sendo então, generosa quanto um cristão em dia de voluntariado.
Nada disso seria viável se o homem não se conformasse, ou até se sentisse seguro o bastante, para obedecer às ordenações do sistema de trânsito das cidades. Esse grau de obediência é variável, segundo a orientação cultural de cada povo. Basta olhar na televisão, quando vemos o trânsito na Índia. Há galinhas fechando o sinal, e vacas que “trancam” avenidas, pois estas últimas dali não podem ser removidas, por se tratar de animal sagrado para aquele povo. No Brasil, uma vaca dessas viraria churrasquinho na esquina mais próxima. Na Europa ocidental, (é o que sempre se vê e ouve falar nos meios de comunicação), parece que é até vaidade de um indivíduo respeitar a sinalização, dar a preferência, etc., exercendo em toda a sua potencialidade a figura de cidadão-modelo da humanidade burguesa (eu pus burguesa, no sentido de urbana, mesmo). No Brasil, e por informações que tive, também no resto da América Latina, o trânsito é pura emoção. Buzinas, xingamentos, lixo atirado pelas janelas, cantadas (de pneu e de amor), paqueradas, etc. Enfim, o trânsito é sempre uma extensão da metodologia (ou falta dela) com a qual levamos nossas vidas.
Entretanto, no trânsito, tudo acontece mais rápido do que “na vida diária”. É mais fácil ver que seu vizinho cometeu um erro perante todo mundo. É chocante ver aquele “doutor” respeitável xingar a velhinha que não tem forças para atravessar a rua. A realidade se mostra nas ruas, de maneira “nua e crua”. Aquele “cara” aparentemente recatado, já buzina que nem um louco na esquina, e canta pneu do seu carro sport para chamar a atenção das “gatinhas” da redondeza. Aquela mulher que é uma “faladeira” inveterada, dirige calmamente o seu carrinho pela avenida principal... Isso tudo nos surpreende, mas acontece nas ruas!
Para mim, o trânsito é o melhor “termômetro” social de um povo. É lá que vemos como as pessoas são, não importa se pedestres ou condutores. Também vemos o que as pessoas pensam de si, dependendo do carro que usam, da maneira que conduzem suas bicicletas, motocicletas, ou trafegam a pé, e como se portam perante outras pessoas. Por exemplo, pode-se dizer, que tem gente que usa o carro como se fosse título de poder. Quanto maior o carro, mais direito ele dá a realizar “proezas” nada ortodoxas. É difícil ver que aquilo é só um monte de lata, devido à “mística” envolvida na aquisição de uma porcaria daquelas! Há outros que acreditam que as bicicletas não precisam respeitar os sinais, e agem de acordo com seu bel-prazer. Na vida, vivemos de trânsito, estamos sempre transitando para lá e para cá. Há sempre idéias em trânsito em nossa mente. Além disso, temos que respeitar os sinais de trânsito, esses pintados por aí, nas ruas, no chão, mesmo. Nunca se esqueçam!

19.12.02

ANSWERS:
Estamos sempre a procura de respostas, mesmo quando não há perguntas. Estamos sempre com pressa, e nunca dá tempo de parar, mesmo nos fins de semana. Da próxima vez, viremos com mais calma. Eu gosto dela, mas nunca conversamos; a gente só se cumprimenta, sem aprofundar-nos em mais nada.
Essas histórias acontecem com todo mundo, ou quase todo mundo. Isso tudo que foi enumerado no parágrafo acima são coisas que vão fazendo com que a vida passe, e a gente não viva bem. É como saber que seu ônibus não estará lotado, mas nunca se dispor a levantar do banco do ponto para entrar no veículo! A vida é o ônibus passando, e você é o cidadão que não se levanta do banquinho do ponto onde o ônibus te dá a chance de entrar.
Não devemos procurar respostas sempre, nem devemos estar com pressa de garantir o futuro incerto de cada um. Antes disso, temos que entrar no ônibus, e depois pensar onde descer. Não devemos ter pressa nos fins de semana, porque só trabalhamos na segunda feira. E aquela pessoa que você só cumprimenta, deve ter algo além de um “tudo bem?”, para dizer. Basta interagir no mundo, e isso se chama “viver”.
Viver nunca basta, e sempre buscamos a resposta, ahahahahah. Deixem as respostas de férias, e vamos passear pela realidade concreta, ainda que sem limites físicos. Mergulhemos nas notícias dos jornais, nas buzinas dos carros, nos sinais de trânsito e nos transeuntes pálidos que correm desvairados pelas avenidas da vida. Tornemo-nos por uns dias, meros expectadores do espetáculo da vida! Desçamos do palco, e então vamos à platéia comer pipoca com guaraná.
Só tornando-nos expectadores, veremos que a vida é um show, sem gênero definido, pois a peça dura o tempo que dura a vida de seus atores-espectadores, e isso a faz infinita para todos. Não é policial, nem romance, nem drama, nem terror, é apenas o desenrolar de fatos reais.
Eu digo então: para que ter pressa, se nunca vai haver um final? Para quê correr, se sabemos que vamos chegar lá? Parece que tudo é contra o caminho certo. Ou então, não existe caminho certo. Eu acredito nisso! Não há caminho certo, não há manual de instruções nos mostrando como viver a vida. Apenas lidamos com ela. Desse “lidar”, nascem alguns “viveres”.
A vida é uma “long and winding road”, (uma estrada longa e de caminhos tortuosos), já diria Paul McCartney, mas podemos sobrevoar o trajeto de helicóptero, ou podemos ir devagarinho, como o Martinho da Vila, de bicicleta. Podemos ir em frente, como Forrest Gump foi, sem saber muito bem para onde ir, e por quê estamos indo, correndo. Podemos ir pensando, como eu vou, na maioria das vezes, e podemos ir, como se “ir” fosse um verbo intransitivo, como às vezes eu tento ir.
Cada um faz seu caminho e cada um vai do jeito que melhor lhe convier, ou que o destino lhe permitir. Mas estamos sempre indo, todos juntos. Há alguns que acham saber onde a estrada da vida vai nos levar, como se já tivessem mapeado-a. Outros, querem construir desvios, para mudar o caminho. Existem aqueles ainda, que, a passeio, se deslumbram com o caminho belo, e vão tocando flauta ao longo da viagem.
No fim da história, acabamos nos movendo em relação ao início de nossa trajetória. Mesmo que sejamos uma árvore, ou algum ser enraizado, cimentado no chão, tudo muda à nossa volta, e então é como se estivéssemos mudando, também. Se o espaço não muda, então o tempo muda as coisas, e isso é certo.
É entretanto impossível mudar de espaço, sem mudar de tempo. Quando damos um “passinho à frente”, (numa homenagem aos trocadores de ônibus), aquele “passinho ali de trás”, já faz parte do passado. Isso será assim, até que consigamos voltar no tempo, e praticar mais de uma ação no mesmo instante. Para mim isso não é impossível, mas apenas inimaginável para meu pobre cérebro.
Eu já escrevi um monte de textos falando sobre viagem no tempo, também. Não quero falar disso agora. Esse texto, na realidade, está sem tema específico. Ele parece que é uma fragmentação dos assuntos polêmicos que transitam pela minha mente neste exato instante. Daí, comecei a escrevê-lo, e fui enchendo lingüiça, enquanto escuto algumas músicas, e espero uma hora de entrar na internet. Vou parando por aqui. Escreverei um outro texto.

FUGAS:

São uma e vinte três da manhã e eu estou aqui, sem algo de muito interessante para fazer. Hoje eu fiz minha rematrícula, e naquela ocasião encontrei o Giovanni, uma peça-chave, quando se fala em “guru cósmico” para a minha vida de filósofo e pensador, ou meramente um ser que gosta de refletir, mesmo quando não há muita luz em volta.
Pois é nessas horas, em que não “se tem nada a fazer”, é que buscamos as “fugas” que a vida nos proporciona; logicamente que elas são infinitas, e cada um procura suas fugas da forma que lhe convém. Essas ditas “fugas”, são formas com as quais tentamos quebrar a rotina da vida. É lógico, então, que o que é “fuga” para um indivíduo, não é, necessariamente “fuga”, para o outro. Tome como exemplo a vida de um cantor: para ele sair da rotina, pode fazer algo que não tenha nada a ver com a música; enquanto um gerente de banco, por exemplo, pode sair da rotina, indo justamente a um “videokê”, arriscar sua afinação vocal na música preferida por ele!
Existem, porém, situações em que as fugas são maléficas ao nosso organismo, e acabam escravizando o indivíduo, que mais tarde acaba caindo numa rotina drástica, perdendo controle de suas próprias vontades. A isso se dá o nome de vício. A personificação desses artifícios que “alienam” certos indivíduos da realidade, se concretiza na figura das drogas, sejam elas legais ou não. A cocaína, maconha, L.S.D. são drogas famosas, mas também o são a cerveja, o cigarro, etc.
Eu me pus a pensar sobre essas fugas e agora acho que elas são nada mais do que fatos concretos para tentar criar ilusões em nossas mentes. Na verdade, as fugas estão em nossa própria mente, e não num copo de cerveja, ou uma viagem às profundezas da Ásia, ou ainda na prática de um esporte radical. As situações concretas em que buscamos fazer “algo diferente do comum”, são apenas o cenário ideal para que possamos idealizar um “estado de espírito” diferente daquele que nos faz sentir entediados, exatamente no momento em que buscamos fugir da realidade, ou rotina. O mundo material é a desculpa que melhor nos convence a raciocinar, refletir. Entretanto, paredes, obstáculos, pessoas, etc., são personagens de nossas mentes.
Nós todos somos personagens e criadores de nossos pensamentos. As fugas são os nossos pensamentos, então, tentando agir de forma diferente. Mas se nós comandamos os nossos pensamentos, podemos fazer isso por nós mesmos. Com isso, quero dizer que as fugas não nos levam longe demais, por mais eficazes que possam parecer. Apenas nossas próprias idéias podem nos levar mais longe do que consigamos imaginar... se formos capazes de imaginar o que é ir além do imaginável.

16.12.02

COMUM:

Aqui quem escreve é o João. Não um João Qualquer, mas sim um João Comum. Um João desses que vagam pelas esquinas, que é ao mesmo tempo tão singular como uma galinha com dentes.
Já parou para pensar o quanto é singular ser comum? Descobri isso, e gostei de ser um comum. Cada “comum” é uma ilha! Eu não sou dos autores mais lidos, mas o Guilherme me lê. O Guilherme é um comum, mas não há outro Guilherme como ele. Interessante isto. Eu não estou entre os mais vendidos, mas eu continuo escrevendo. Eu tenho o mesmo nome do papa, e o papa é pop. Talvez por isso eu não seja “pop” também, porque, se eu fosse “pop”, eu seria igual ao papa, e isso me descaracterizaria como o João que sou.
Todos nós somos comuns, e todos nós somos bons. Somos ruins, também. Blefamos, erramos, acertamos e conquistamos, como qualquer criatura comum. Eu não me vendo barato, e nem caro! Mas se eu conseguir, até que me vendo, para comprar umas bigigangas mundo afora. Eu faço músicas também, só que elas não tocam na rádio. Se elas tocassem na rádio, eu viraria “pop”, mas isso seria apenas um detalhe. Mesmo assim, aqui em casa, minhas músicas são executadas ao vivo, para um ouvinte, qual seja-o, eu!
O Guilherme me mandou um texto que me envaideceu. Ele me elogiou no texto, e toda criatura comum gosta de elogios, embora muitas não assumam isto. Ele me lê, e ele me acha um cara bonzinho, até. Sou apenas mais um comum, e isto é bom. Eu também gosto do Guilherme, e até disse para ele que ia responder isso no meu blogger.
Enquanto escrevo esse texto, escuto “Leila”, do Legião, e imagino que ela deva ser uma amiga do Renato Russo, ou apenas fruto da imaginação dele. É engraçado quando a gente ouve música com um nome próprio, porque a gente sempre traz isso para o nosso próprio mundo. Por exemplo: se o nome da música for “José”, imediatamente vamos lembrar de um Zé que nos seja familiar. Essa afirmação admite qualquer coisa em contrário, mas não quero discutir isso aqui. Enfim, tudo isso são procedimentos comuns...
Aqui em casa mora um gambá, que eu batizei de Aroldo, ou Haroldo, não sei bem. Mas o Guilherme me alertou que ele poderia, na verdade, não ser Ele, mas ser ela, e quem sabe até, uma Gertrudes... As coisas mudam, e é assim que devemos compreender o mundo, pois é essa a melhor forma de viver em harmonia consigo mesmo.
O resumo disso tudo, é dizer que somos todos especiais. Eu, o Aroldo, o Guilherme e os relacionamentos entre nós. Somos os comuns mais especiais dos nossos mundos. Imagina o mundo sem a gente? Não teríamos histórias para contar, e nem conclusões as quais chegar, simplesmente pelo fato de não estarmos aqui.
Aqui vou eu. Até a próxima!