Tudo! Nada!

7.7.02

Pedra preciosa:

Tudo passa tão depressa,
Mas eu não tenho pressa
Vivo no balaco, do balaco-baco
Mas por baixo, há diamante.

Pedra preciosa,
Pérola rainha
Artifício do sonhador
Arqueiro-mor,
Malabarista do diafragma.

Operário do mundo
Desvendando mistério profundo
Sou maquinista de um trem a vapor

Trem que trilha rumos incertos
Que traça o fim da primavera
E navega por uma nova era,
Era uma vez um amor.

Namoro no começo
Casório no final
Afinal, quem pendura roupa no varal?
Acordando às sete, tinha que dar nisso
Um velho, um moço, uma cópia do que ainda virá

Uma alma chora, enquanto a outra se cansa
A outra canta.
A mesma que amanhã irá chorar.

Superstição é pouca
Quando a exatidão é tamanha
Bobagem é se relacionar,
Pra quem quer se mudar.

E, no fundo, não há não.
Não há mais brinquedos
Não guardo mais segredos,
Mas deixo tudo assim,
Somente por estar.

O poder, o gozo
A sabedoria, a riqueza,
Nada é tão imenso quanto
O próprio vazio,
Que preenche, soberano, onde falta qualquer outra coisa.

P.S: Esta peça artística fora escrita por um alienado João Paulo (Filé), às 3 e pouca da madruga, depois de alguns goles de Bavaria e Antarctica. Ah, antes que me perguntem: esse poema não trata de ninguém, até porque ele não é nenhum curandeiro baiano.